SOBRE ESSA EMPREITADA.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sobre esta empreitada.

Alguns personagens se tornam tão importantes que tomam vida própria. Deixam de ser uma idéia e passam a viver com o autor em seu íntimo mais íntimo. Passam a ter suas próprias opiniões e sua própria voz sobre aquilo que cerca quem o criou. Não tarda, portanto, para que comecem a falar mais e mais alto, de forma que seja necessário calar-lhes ao colocá-los para fora; dar-lhes um lugar que seja só deles ao transferi-los para o papel.
É inconcebível, no entanto, pensar em Samantha Flyweather sem falar de Lyndsay Lyncess Lehane e Sawyer Knightheart, assim como no universo dessa pseudo-escritora, é impossível pensar nesses personagens sem que haja um momento de deleite nessa nostalgia que tem jeitinho de coisa boa e de felicidade sincera.
Escrever uma última – e maior – aventura dos draskoteiros, estar mais uma vez entre as paredes de pedra do castelo de Kolguev e esbarrar em figuras como Serena Hellfire, Yuuko Ichihara, Anita Donovan e os professores Stephen Norris e Danton Mogan, por exemplo, é um prazer indescritível.
Preciso, no entanto, abrir aqui um parêntese para escusas.
A Escola foi um universo inteiro, cuja história na íntegra não pude acompanhar. O mesmo se deve para os inúmeros personagens e seus respectivos players, que fizeram de Kolguev muito mais do que uma brincadeira: ajudaram a moldar um universo vivo, dinâmico e muito especial para todos que participaram. Não pude conhecer a tudo e a todos, portanto me desculpem: não colocarei em palavras aquilo que não me cabe.
O maior perdão que vos peço, porém, é pelas coisas que me faltam à memória. Não sou capaz de recriar aqueles momentos divertidos de RP’s, aquele mundo mágico ou aqueles personagens da maneira como lhes é digno. Não posso ser fiel a um passado tão essencial por estar ele coberto pelo véu opaco do tempo. E me parece que tal manto, dia após dia, se torna mais espesso, de forma a deixar cada vez mais difícil a tarefa de olhar para trás e tentar resgatar a glória dos tempos que se foram.
Segue-se uma alerta à apologia.
Tomei por liberdade “pegar emprestado” alguns nomes, idéias e historietas nos confins da nossa tão querida Kolguev e em certas ocasiões, modificá-los para que se adaptassem à essa narrativa. Alguns que chegarem a ler o que se segue, talvez identifiquem ainda mais daquilo que lhes pertence por direito. Não é, todavia, minha pretensão causar mágoa pelo uso indevido. Ainda mais do que isso, temo profundamente não conseguir fazer jus ao tentar narrar as minhas próprias estórias do ponto de vista de personagens criados por pessoas tão talentosas e especiais.
Por fim, quero que saibam que eu me esforcei.
Embora o Tempo tenha tornado trôpegos e incertos como o andar dos ébrios os meus passos na escrita, busquei forças onde nem sabia que tinha para manter-me em pé e trilhar os caminhos que antes me eram tão fáceis.
Espero que vocês tenham tanto prazer ao ler quanto eu tive ao escrever. Espero que Kolguev se mantenha indelével em vocês, como está em mim.

Gabriela Barreto

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